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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Igreja de São João de Alporão

Também conhecida pelos populares de Museu dos Cacos.

Remonta ao século XII, guardando os únicos vestígios significativos da arquitectura românica em Santarém, designadamente as paredes robustas, os contrafortes exteriores, e a decoração vegetalista e zoomórfica dos capitéis. Mas a sua verticalidade e sistema de cobertura, e alguns elementos decorativos, inserem-se claramente no vocabulário gótico. No século XVIII, a sua torre românica teve que ser destruída para que passasse o coche da Rainha D. Maria I. Actualmente esta igreja é ocupada pelo Museu Municipal de Santarém que apresenta um espólio de arqueologia e arte medievais.




A igreja de São João de Alporão constitui um caso único na arquitectura medieval portuguesa. Produto híbrido estilisticamente, aqui coexistem soluções filiadas em esquemas românicos e outras já nitidamente góticas, característica que confere a este templo um estatuto ímpar no panorama arquitectónico de Santarém e até do país, pelo elevado grau de experimentalismo, de "primeiro efeito de descontinuidade na arquitectura escalabitana" e, simultaneamente, de "primária ligação dos dois estilos".
A sua fundação deve-se à Ordem de São João do Hospital, cuja fixação na cidade situa-se entre 1159 e 1185. No foral de 1179 pode depreender-se já a presença dos Hospitalários no território mas, até ao momento, a data exacta de estabelecimento permanece desconhecida. A impossibilidade em relacionar a datação da igreja com a fixação dos Hospitalários tem favorecido a dispersão de datas propostas para a construção do templo, apesar de não restarem hoje grandes dúvidas sobre uma concepção inicialmente românica, datável das últimas décadas do século XII.
São vários os indicadores nesse sentido, desde a estrutura maciça da nave - que se filia no grupo de igrejas românicas de nave única do Douro Interior - até à feição, em certa medida, tradicional do portal principal - com as suas arquivoltas em arco de volta perfeita -, passando ainda por outros aspectos, como a inutilidade estrutural dos contrafortes ou o carácter fortificado de todo o conjunto, a que se adossava uma pesada torre circular, demolida em 1785 para permitir a passagem do coche real de D. Maria I.

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Mercedes