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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dr.Teixeira Guedes

7 Comentários:

Agostinho Nogueira disse...

Dr. Ernesto Adolfo Teixeira Guedes

Nasceu em S João da Pesqueira em 21/01/1871, filho de João da Silva Teixeira Guedes, natural de Minde, escrivão da fazenda, e de D Ana Augusta de Morais Pinto e Castro, doméstica, natural de S João da Pesqueira.
João da Silva Teixeira Guedes, em virtude da sua actividade profissional, esteve destacado em várias localidades. Em S João da Pesqueira nasceram Ernesto Adolfo, Ermegildo que faleceu em criança, e Alberto. Em Mondim da beira nasceram Josefina e Paulo Emílio. Em Gouveia nasceu João e em Idanha a Nova nasceu Maria que faleceu em criança e Amândio.
Estando a família em Idanha a Nova, em Setembro de 1883, o pai sentiu-se mal, ainda recorreu às termas do Luso em busca de melhoras, mas aí faleceu ao fim de poucos dias.
Vendo-se sem apoios e com um ranchinho de seis filhos dos quais o mais velho tinha 12 anos, Ana Augusta recorreu ao Padre Paulo, natural de Minde, tio do marido. O P Paulo foi pessoalmente a Idanha a Nova e trouxe para Minde a viúva e os órfãos que instalou na sua casa e tratou de influenciar os parentes mais remediados a fim de que tomassem ao seu cuidado alguns dos órfãos.
Ernesto Adolfo entrou como aluno gratuito no Seminário Patriarcal de Santarém.
Inteligente e aplicado, aos quinze anos foi enviado para Roma donde regressou em 1894 ordenado sacerdote e licenciado em Teologia.
Nomeado professor do Seminário e do Liceu de Santarém, em 1902 e anos seguintes era Vice- Presidente da Câmara e Presidente em 1908 até à implantação da república em 5/10/1910.
Em Santarém criou o jornal católico monárquico A União que se publicou entre 1907 a 1910 e que fazia parte dos, pelo menos, seis jornais idênticos criados a partir do jornal A Guarda que se caraterizaram por conterem um núcleo doutrinário comum e uma ou duas páginas de noticiário local.
Substituídos os executivos das Câmaras pelos republicanos, Teixeira Guedes voltou novamente ao ensino e aproveitou um convite para concorrer ao Liceu de Faro onde foi colocado a partir de Novembro de 1910 e onde fez uma carreira notável como professor e reitor durante vários mandatos.
Faleceu em Faro, em 30/01/1925, vítima de pneumonia dupla. Os seus restos mortais repousam em sepultura municipal com o seu nome gravado, no cemitério da Esperança, em Faro.
A sua biblioteca, de cerca de 6 a 7000 volumes, em que predominam obras clássicas, foi adquirida aos herdeiros em 1928 pelo Liceu nacional de Faro constituindo um fundo aparte na biblioteca do mesmo liceu.
A rua que lhe foi dedicada em Faro tem o nome de rua Reitor Teixeira Guedes. Tem também ruas com o seu nome em Santarém e em Minde.
Entre os seus irmãos salientaram-se ainda Alberto Guedes que foi nomeado pelo Banco Nacional Ultramarino gerente da primeira agência desse banco em terrras brasileiras, inaugurada no Rio de Janeiro em 1913. Mais tarde, em homenagem ao tio, criou em Minde a Cantina Escolar P Paulo que dotou com um fundo que garantia o seu funcionamento. Inaugurada em 1933 sobreviveu até aos anos setenta. Sua filha Júlia Guedes veio a ser um pilar da fundação da acção católica nos anos 30/50 do século XX.
Paulo Emílio Guedes veio a ser um célebre fotógrafo de Lisboa antiga. Além da fotografia foi editor de mérito, nomeadamente de postais ilustrados de Lisboa, Almada, Nazaré, Portalegre e também de Minde, além de outras localidades.

Fontes
Arquivos distritais - Viseu, Castelo Branco, e Santarém (Assentos paroquiais e outros)
Arquivo diocesano de Santarém – documentos do seminário patriarcal
Biblioteca Municipal de Santarém – Atas da Câmara e jornal Correio da Estremadura
Dissertação de Anabela Estudante 1913 – Universidade do Algarve – Biblioteca do Liceu de Faro
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Agostinho Nogueira disse...

Muito gostaria de aqui "colar" uma foto de Teixeira Guedes mais de acordo com a sua idade na época em que foi Presidente da Câmara Municipal de Santarém mas até agora não consegui. Alguém sabe explicar porquê?

Unknown disse...

Do irmão, Paulo Rmílio Guedes, grande editor e fotógrafo está publicada uma foto, com sua mulher e 2 filhos, no Colégio da Bafureira, na Parede, São Pedro do Estoril, de que ele e sua mulher foram fundadores, Essa fotografia está publicada num livro recentemente publicado pela Cam Municipal de Cascais sobre o dito Colégio, durante décadas um dos melhores, senão o melhor, Colégio da Linha do Estoril.
João Alarcão

Agostinho Nogueira disse...

Obrigado pelo post.
Conheço a foto, do livro que foi publicado em 2010, nos 100 anos do colégio, mas que só mais recentemente apareceu na Internet. A propósito, reconhece algum pormenor que lhe diga que a foto foi tirada no Colégio? É que a idade aparente dos filhos faz-me ter dúvidas. O mais velho, também Paulo, nasceu em 1903 e Júlia nasceu em 1906 – na foto parecem mais novos. Também é um fato que sofriam duma doença, por isso os pais fundaram o colégio onde foram residir para aproveitarem o ar marítimo que os médicos aconselhavam…
Do Paulo Emílio, sozinho, tenho outra foto que me foi oferecida por J. J. Morais Sarmento, um investigador de Coimbra, só não sei qual a sua proveniência, nem reconheço o ambiente em que foi tirada.
E dos outros irmãos, sabe alguma coisa?
Se souber, diga! Nada como uma boa história de coragem e persistência para compensar os tempos de desânimo e mediocridade que vamos vivendo!

if disse...

Fantástico! Parabéns por este trabalho.
Colaborei na informatização da Biblioteca do Liceu de Faro, iniciada com o Núcleo Reitor Teixeira Guedes e apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Muito procurei saber mais sobre este Homem. Hoje, aqui, finalmente consegui. Posso partilhar? e-mail inesfigueiredo99@yahoo.com

Agostinho Nogueira disse...

Mais de um ano depois do post de Inês Figueiredo, alguma coisa se pode acrescentar.
Em 15/11/2017, com a colaboração do meu amigo Romeu Barroso, fui a Faro com dois objetivos:
- encontrar o jazigo de Teixeira Guedes falecido em 31/01/1925
- visitar a sua biblioteca adquirida pelo liceu de Faro após o falecimento.

Os restos mortais repousam em jazigo municipal - gavetão nº 204, 3º piso, do Lote antigo (cemitério velho), situado nas proximidades do estádio S. Luis. Sepultura perpétua, no arquivo municipal consta que é responsável Paulo Guedes. Trata-se do seu irmão, falecido em 1/12/1947.
Tem na lápide o seguinte epitáfio:
A. J.
O REV º
Dr. ERNESTO A. T. GUEDES
TRIBUTO DE GRATIDÃO DO SEU AFILHADO
P. N. A. M.
Aguardo informação da Câmara Municipal sobre a data em que este epitáfio terá sido colocado, parecendo posterior à deposição dos restos mortais.
Sobre o afilhado, deve tratar-se de Ernesto Ramalho Teixeira Guedes, primo, filho do prof. Cândido Teixeira Guedes que se fixou no Arneiro da Milhariças. Nasceu em 16/03/1895. Celebrou o batismo o P Paulo de Santana e Costa. O Dr Teixeira Guedes, recentemente regressado de Roma, foi padrinho e madrinha Nossa Senhora dos Remédios, tocando em seu lugar o Pároco, P Silvério Tavares Zanancho. O Ernesto veio a casar em 1922 e faleceu em 1967.

A biblioteca do Dr Teixeira Guedes ocupa um espaço aparte na biblioteca da escola João de Deus. Trata-se de um conjunto de estantes que devem somar perto de 150 metros de prateleiras. Livros arrumados e catalogados em perfeito estado de conservação. Se alguma coisa salta à vista é a antiguidade das obras, e os títulos em diversas línguas. Diz-se que Teixeira Guedes recitava de cor os Lusíadas e a Ilíada em latim. Quatro livros volumosos à nossa frente têm o título na lombada: BIBLIA… Um pequeno volume duma obra clássica em várias línguas, suponho que inglês e alemão do lado esquerdo, latim e grego do lado direito. Quatro volumes de Tito Lívio (História de Roma)…e um nunca mais acabar de surpresas.
Obrigado à funcionária que nos acompanhou, D Elisabete Rico, pela simpatia e profissionalismo.

Tivemos ainda oportunidade de percorrer a Rua Reitor Teixeira Guedes, que limita um dos lados da escola, prolongando-se para os lados de Olhão. Difícil foi encontrar uma placa com o nome da rua para fotografar. Mas quem procura sempre encontra…

Teixeira Guedes, falecido há quase cem anos, continua bem presente nas memórias que dele se podem visitar em Faro.
Que descanse em paz…

if disse...

Amei

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Mercedes